A obra que anunciamos (...) é a primeira publicação deste gênero em que a questão [filosófica] é encarada em todas as suas partes e em toda a sua altura; pode-se, portanto, dizer que ela inaugura uma das fases da existência do Espiritismo. O que a caracteriza é que não é uma adesão banal aos princípios da Doutrina, uma simples profissão de fé, mas uma demonstração rigorosa, onde os próprios adeptos encontrarão percepções novas. (...) É uma defesa em regra onde se reconhece o advogado que quer reduzir a réplica aos seus últimos limites; mas aí se reconhece também aquele que estudou sua causa seriamente e a perscrutou em seus mais minuciosos detalhes. O autor não se limita a emitir sua opinião: ele a motiva e dá a razão de ser de cada coisa; é por isso que, justamente, intitulou seu livro: A Razão do Espiritismo.
Publicando esta obra, sem cobrir sua personalidade com o menor véu, o autor prova que tem a verdadeira coragem de sua opinião, e o exemplo que dá é um título ao reconhecimento de todos os espíritas. O ponto de vista em que ele se colocou é principalmente o das consequências filosóficas, morais e religiosas, as que constituem o objetivo essencial do Espiritismo e dele fazem uma obra humanitária.
A obra de Sr. Bonnamy marcará nos registros do Espiritismo, não somente como primeira em data no seu gênero, mas, sobretudo, por sua importância filosófica. O autor aí examina a Doutrina em si mesma, discute os seus princípios, dos quais tira a quintessência, fazendo abstração completa de todo personalismo, o que exclui qualquer pensamento corporativista.
Allan Kardec
Revista Espírita, novembro de 1867.