Segundo o escritor, “literatura é crítica e autocrítica, humildade e liberdade. Literatura é
empatia, conversa e troca, é tempo, repetição e dedicação, amor e paixão.”
Com histórias criativas e ironia refinada, o autor brinca entre distopias e cotidiano, crítica e futurologia. Contos de costumes, alguns de cunho político, enquanto outros, puramente afetivos, não deixam de nos
colocar, sutilmente, em posição de análise sobre o que o descaso ou a rotina tornam irrelevante. O primeiro conto, que dá nome ao livro, já começa assim: “Tenho quarenta e cinco anos, e os últimos dez vivi na plataforma de petróleo Berkut. Ela mede o equivalente a cinquenta andares, boa parte deles debaixo d’água, possuindo uma área igual a dois campos de futebol.
Esta foi a primeira plataforma a ser transformada em lar perpétuo para migrantes indesejados, após a Assembleia das Nações Unidas decidir pela solução Johnson, sugerida pelo primeiro-ministro britânico, no sentido de armazenar os migrantes em navios de carga, porta-aviões e plataformas petrolíferas desativadas. A outra hipótese, defendida por boa parte das nações da ONU, dominada por governos ultrafascistas, era autorizar o extermínio dos invasores.”
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