És alma minúscula e insignificante perante o Todo. Aparentemente, poderias ser excluída da criação sem qualquer prejuízo para a coletividade cósmica. Mais dia menos dia, os espíritos que seguem contigo o longo caminho de regresso ao Pai, haveriam de esquecer-te – conformados – guardando de ti apenas saudosa lembrança.
É possível que os entes mais queridos te transformassem em afetuosa memória, perdida em nebuloso passado. Com o tempo, despontariam dúvidas se, de fato, tu exististe mesmo ou se foste tão só imaginação ou lenda. Entretanto, o mesmo não se daria com o Senhor. Ele te procuraria em todos os sítios, incansavelmente. Perguntaria a toda gente e vasculharia os ermos mais inóspitos. Alguma coisa faltaria n'Ele. Sem dúvida, o Criador não Se sentiria inteiro com a tua ausência. Buscar-te-ia nas cavernas obscuras, nos antros degradados, nos pântanos fétidos. Ah! Nunca Deus te relegaria ao olvido; jamais estaria pleno sem ti.
Tu és estrela que não pode faltar nos céus. O Senhor te contempla ininterruptamente. Acompanha-te todas as intenções, segue-te os mínimos passos e conhece-te os desejos mais profundos. Deus, sem ti, seria menor. Faltar-Lhe-ia algo essencial. Tu engrandeces ao Senhor. Age, pois, com grandeza. Não te rebaixes à luta por mesquinharias, nem disputes lugar ao sol das vitórias passageiras. Anda no mundo com a dignidade daquele que ocupa posição única no reino celeste.
Não menosprezes a ti mesmo, ainda que a fome de amor te dilacere as entranhas. Descerra o teu coração para os que te cercam. São eles, igualmente, centelhas amantíssimas de Deus. Ainda que percebas suas deficiências e imperfeições, ama-os com a alma generosa que só os humildes revelam em sua sede de irmandade para com todos. Expõe o céu que há em ti junto aos sofredores do mundo. Alivia a ignorância e ameniza o mal onde estiveres. É por te apequenares, fazendo-te próximo dos caídos e abandonados que a tua alma engrandece ao Senhor.